quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Confissão...


Preciso confessar uma fraqueza: não consigo viver se não for 100%. Não consigo estar só "de corpo presente" em nenhum lugar. Não entro em nenhum tipo de relacionamento - amizades inclusas - se for para ser pela metade. Não faço elogios falsos. Não gosto de gente morna.

Ando pela rua observando: as pessoas, seu modo de andar, seus trejeitos, suas roupas; os carros, seu barulho, sua fumaça, a maneira como refletem o sol; os bichos, as árvores, o céu, as nuvens, os outdoors. Ouço o burburinho das pessoas, capto pequenos trechos de suas conversas. Sinto a temperatura do dia, o calor do sol e o vento. Presto atenção ao cheiro dos lugares por onde passo. E não raro percebo que olham com uma cara engraçada para mim, porque estou sorrindo sem motivo aparente. Quando isso ocorre, quero dizer, quando chego ao ponto de sorrir, é porque estou realmente feliz e talvez isso seja difícil de entender.

É assim todo dia, porque sou absolutamente sensorial. E porque não consigo viver pela metade. Aprendi a ser intensa, a sentir demais. Aprendi a não aceitar apenas uma porção das situações. Entendi que todos os momentos podem ser interessantes, para dizer o mínimo. Basta que a pessoa esteja realmente ali; que se faça presente e deixe de ser mera expectadora da própria vida.

É mais ou menos assim que eu funciono: com força total, até entrar em parafuso. Nem o cansaço, eu consigo sentir pela metade. Quando me canso - de um dia de trabalho, de uma história, de uma situação ruim, de uma roupa, de um corte de cabelo ou do que quer que seja - é para valer. Me afasto do que me cansa com a mesma paixão com a qual me aproximo do que me encanta. E não é por mal. O problema é que tolerar situações ruins por necessidade ou conviver com pessoas de coração leviano são coisas que me levam ao afastamento para proteção.

Só rio se for às gargalhadas. Só choro se for aos borbotões. Só abraço se for apertado. Só beijo se for de verdade. Quando leio, me entrego. Quando escrevo, me entrego ainda mais. Se a saudade chega, é pra fazer suspirar. E quando fico com raiva, quase enlouqueço. Viro tempestade em questão de segundos, mas a calmaria é algo que chega fácil e dura muito tempo.

Sei que talvez não sejam essas cores carregadas, o que se espera das Mulheres Perfeitas (assim, com letra maiúscula, pois são praticamente uma instituição). Acontece que já desisti de entrar pro clube. Eu tentei. Juro que durante anos eu tentei. Muito. Mas não aconteceu e agora eu entendo o motivo.

Sou imperfeita demais para caber nesse molde rígido que inventaram sabe onde. Sou feita de uma matéria que pode até se enquadrar à forma, mas que tem memória e acaba por voltar ao formato inicial.  Sou intensa demais, expansiva demais para caber em um modelo tão certinho. Tenho muitas fraquezas e preciso confessar: tenho uma queda enorme por viver!

fontes: (http://aencantadoradepalavras.blogspot.com.br/2011/08/uma-confissao.html)

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